segunda-feira, 27 de julho de 2009

PROMOVER A LINGUAGEM ORAL E ESCRITA

Ao provocarmos situações pedagógicas que levem os alunos a construir conhecimentos, por meio do trabalho com diversos conteúdos, utilizamos principalmente a linguagem verbal, oral e escrita. E é na escola que encontramos um universo discursivo que exerce um papel relevante nos processos de ensinar e aprender.
A linguagem oral em que as crianças e os adolescentes se expressam está impregnada de seus grupos sociais de origem, valores e conhecimentos. Assim o seu modo de falar, agir e escrever estão intrinsecamente ligado ao seu repertório cultural, de vida, ou seja, seu modo de [re]ler a realidade. E é através desse falar/modos de ser, que o trabalho pedagógico deve ser organizado, de forma que tenha sentido para os seus educandos.
É no processo pedagógico que o educador deve constituir o seu planejamento de forma que o mesmo possa suprir as reais necessidades dos educandos em um processo de interlocução, e que os mesmos se constituem como produtores de textos orais. Acertando e errando, ou melhor, acertando e tentando acertar, os educandos vão buscando regularidades na língua, ao depreenderem suas normas.

[...] os fracos resultados obtidos no processo de ensino aprendizagem da leitura
e escrita encontram-se na falta de uma sólida fundamentação, por parte dos
educadores, a respeito dos processos de descodificação e codificação, que por
sua vez constituem as duas vias do sistema alfabético e, portanto, a base para
complexos processos de compreensão e produção do texto escrito. (SCLIAR-CABRAL,
2003 apud FRANÇA, 2007, p. 32).


Diante do exposto o trabalho do professor é o de proporcionar atividades e questionamentos que considerem as microanalises, elementos de analise que tenham como ponto de partida elementos menores do texto (letra, fonema, sílaba, etc), e também a macroanalise, ou seja, aqueles que têm como ponto de partida as característica mais globais (tipo de temática, tipo de texto, gramática, linguagem, vocabulário, etc).
Para que este trabalho seja efetivo é preciso ressaltar a importância que o educador tem de proporcionar oportunidades de construção da linguagem escrita por diversas maneiras, para que o educando tenha possibilidades de aprimorar o seu repertório lingüístico e assim se proficiente na hora de sua fruição e produção textual. Ainda é preciso que os educandos tenham acesso e contato intenso com diferentes textos para que possam explora-los, perguntando sobre eles, tentando adivinhar seus conteúdos, observando sua organização e suas marcas, para que possam elaborar saberes sobre as suas característica e ampliando seus conhecimentos de mundo. É preciso ler muito para as crianças, não somente para as que estão nas séries iniciais, para que elas aprendam sobre a lingua escrita e possam estabelecer diferenças entre as modalidades oral e escrita.
Quando a criança aprende a escrever, ela analisa a linguagem verbal, o que a leva a ampliar, também, os conhecimentos da linguagem oral. Para isto é importante que o educador esteja atento as produções dos seus educandos, pois é preciso conversar sobre quais as intenções do texto e de quem escreve, para que e para quem se escreve, sobre os conhecimentos construído e em construção. É preciso, enfim, reafirmar incessantemente a condição das crianças como produtoras de sentido e, logo como autoras e leitoras.

[...] ao uso inicial da modalidade escrita por uma minoria opunha-se uma vasta população de iletrados e reafirma que a escrita co-existe com a exclusão e/ou a pobreza e/ou ser explorado e/ou ser limitado em seus direitos no exercício da cidadania; porém, apesar disso, diferentemente da fala, a escrita não condena ninguém ou nenhum grupo social à extinção física. (FRANÇA, 2007, p. 32).


Será que do ponto de vista do método de trabalho, se queremos trabalhar no sentido de uma sociedade democrática, é relevante a criação de espaços pedagógicos em que tanto o educador quanto os educandos possam elaborar propostas de atividades, de projetos e planejamentos? Quanto a influência da família na escola e vice-versa contribui para uma formação cidadã através do uso da produção oral e escrita? A produção da linguagem oral e escrita nas escolas contribuem de que forma para o desenvolvimento e aprimoramento do repertório cultural?
Ademais, é o seu trabalho, agindo com a linguagem e sobre a linguagem, que os torna seres falantes e participantes em um universo social. Como dizia Paulo Freire, a escola precisa ser séria, mas não precisa ser sisuda.

Édio Costa