sábado, 18 de julho de 2009

O BRINCAR COMO FORMA DE APRENDER

Práticas Lúdicas
Ernani José Schneider, 2007
Ao observarmos a palavra lúdico perceberemos que seu significado está intimamente ligado a jogos e brincadeiras. O autor Ernani José Schneider, nos traz reflexões bastante contundente sobre as práticas lúdicas conceitualiza de forma significativa as “necessidades pedagógicas contemporâneas,” promovendo em sua retórica um discernimento sobre a brincadeira e a aprendizagem, e principalmente, de como ela deveria ser vislumbrada pelos profissionais e comunidades envolvidas no processo de construção de conhecimento.
Schneider nos traz alguns apontamentos e questionamentos sobre o fato de que a brincadeira é uma ferramenta indispensável para a pedagogia contemporânea, a significativa produção teórica já acumulada afirmando a importância da brincadeira na constituição dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem não foi capaz de modificar as ideias e práticas que reduzem o brincar a uma atividade à parte, paralela, de menor importância no contexto da formação escolar da criança.

As práticas lúdicas no contexto pedagógico possuem um instrumentalizador, o professor, que com maestria coordenará o processo de construção e apropriação do conhecimento. A este a tarefa de encontrar metodologias adequadas, práticas transformadoras. (SCHNEIDER, 2007, p. 05).

Nesse contexto, é importante indagarmos: nossas práticas têm conseguido incorporar o brincar como dimensão cultural do processo de constituição do conhecimento e da formação humana? Ou tem privilegiado o ensino das habilidades e dos conteúdos básicos das ciências, desprezando a formação cultural e humanística da escola? Na realidade, tanto a dimensão cultural e artística quanto científica, deveriam estar contempladas nas nossas práticas junto as crianças, mas para isto é preciso que as rotinas, as grades de horários, a organização dos conteúdos e das atividades abram espaço para que possamos, junto com as crianças brincar e produzir cultura.
Dessa forma, muitas vezes nos sentimos aprisionados pelos horários e conteúdos programáticos e sistemáticos, rigidamente estabelecidos e não encontramos espaço para a fruição, para o fazer artístico ou para a brincadeira. Será que é possível organizar o nosso trabalho e a escola de forma que este espaço seja garantido? Contudo vale a pena refletir sobre essas questões para vislumbrarmos formas de transformar nossa vida nas escolas, organizando-as como espaço nos quais aprendemos e vivemos experiências de sermos sujeitos culturais e históricos.
A brincadeira está entre as atividades freqüentemente associadas e avaliadas por nós como tempo perdido. Essa visão é fruto da ideia de que a brincadeira é uma atividade oposta ao trabalho, sendo por isto menos importante, uma vez que não se vincula objetivos claros, que conseqüentemente não geram resultados.
Mas a brincadeira também pode ser séria, e no entanto muitas vezes brincamos e na brincadeira também trabalhamos. Diante dessas considerações será que podemos pensar na brincadeira de forma mais positivas, não apenas como oposição ao trabalho e ao conteúdo programático, mas como uma atividade que se articula aos processos de aprender, conhecer e se desenvolver.

Édio Costa